segunda-feira, 19 de julho de 2010

pequeno atraso

Passada uma semana da final da Copa do Mundo, aparece aqui um breve relato do que foi a Copa da África, e o futuro do futebol brasileiro. O fato de a Espanha ter saído como campeã nem será comentado, já que vocês devem ver televisão e já sabiam, com dias de antecedência através do polvo Paul, que a Espanha seria a campeã. ;P

O Brasil voltou para casa com duas missões complicadas: formar um time para a Copa de 2014, e, mais difícil ainda, preparar as cidades para receber as outras 31 seleções.

Preparar uma geração para 2014 não parece ser problema para o Brasil, que conta com bons e jovens jogadores em diversas posições: Renan, Felipe, Rafinha, Mário Fernandes, Breno, Lucas, Sandro, Ganso, Neymar, Pato, para ficar nos nomes mais conhecidos. Sem contar os vários talentos que venham a surgir até lá. O material humano nós temos.

E é outra questão bem humana que será decisiva para o sucesso (ou não) da Copa de 2014 como evento: não há como fugir do medo do superfaturamento de todas as obras referentes aos estádios e à infra-estrutura necessária para que os jogos aconteçam, e também ao tempo de construção de tais obras (algumas já atrasadas). Deixando de lado as piadas com a logo oficial da Copa ("todo mundo metendo a mão na taça"), esperamos que a Copa no Brasil sirva para, em primeiro lugar, melhorar a estrutura de algumas cidades-sede, já que, invariavelmente, alguns estádios se tornarão elefantes cinzas que serão pouco utilizados após o mundial.
Para muitos de nós, será a primeira, e talvez a única chance de ver uma Copa em nossas terras. Poderemos ir aos estádios (sem vuvuzelas), apreciar a beleza das torcedoras estrangeiras, torcer pelo nosso Brasil, secar a Argentina e, assim como em 1950, receber os olhares do Mundo e tentar não deixar o título escapar na nossa casa.

terça-feira, 6 de julho de 2010

resta um

Passados 27 dias do início da Copa do Mundo, nos vemos diante de presenciar o último movimento de um complicado jogo que a maioria de nós jogou quando éramos menores: resta um. O jogo se caracteriza, basicamente, por deixar permanecer, ao final das jogadas, apenas 1 peça no tabuleiro. Aquela que sobreviveu às investidas adversárias e sagrou-se vencedora.

Assim como a Copa do Mundo. Neste momento, depois das classificações de Holanda e Espanha o último movimento é estrategicamente pensado, em um confronto que já tem local, dia e data marcada: domingo, 11 de julho de 2010, às 15h30 (horário de Brasília), no estádio Soccer City em Joanesburgo.

Depois de uma classificação heróica contra Gana, o time do Uruguai não foi páreo para os descendentes da Laranja Mecânica. Desfalcados de Lugano machucado, e Fucile e Suárez suspensos, restou a Forlán a tarefa de conseguir uma nova vitória. Apesar de jogar bem e não temer a Holanda, a equipe uruguaia, com destaque para Forlán e o volante Arévalo, acabou derrotada por 3x2 e volta ao Uruguai parando nas semifinais, o que não ocorria desde 1970. Já a Holanda não repetiu a mesma atuação diante do Brasil, nem o que vinha apresentando ao longo da Copa. Encontrou dificuldades para criar as jogadas, e o jogo acabou sendo decidido no diferencial das duas equipes, e que acaba por deixar muitas equipes no quase: o talento. Enquanto o Uruguai contava com a boa fase de Forlán, isolado tentando criar e finalizar as jogadas, a laranja atacava com os eficientes Robben e Sneidjer, o que acabou por sagrar a equipe mais qualificada tecnicamente como a primeira finalista do Mundial de 2010.

Na "final antecipada" entre Alemanha e Espanha, vimos uma Alemanha muito diferente daquela do restante da Copa do Mundo: a equipe talentosa e ofensiva sumiu, entrando em campo uma equipe apática, sem vontade de vencer, e com seus dois principais jogadores, Özil e Schweinsteiger, sumidos em campo. Também pode ser creditado à Alemanha a tranquilidade que a equipe deu para a Espanha fazer o que mais gosta, ter a posse de bola e trocar passes. Com uma alteração no esquema da equipe, David Villa saiu de sua função de ponta esquerda e ficou centralizado no ataque, sempre acompanhado pelos meias que subiam ao ataque, facilitados pelos espaços deixados pela Alemanha. Em um destes espaços, saiu o único gol da partida, marcado de cabeça pelo zagueiro catalão Puyol.

Teremos, assim, um novo integrante na galeria de campeões mundiais: a Holanda, depois de 32 anos, volta a uma final de Copa do Mundo, e a Espanha chega na sua primeira decisão. Ao final da tarde do próximo domingo, só uma restará no tabuleiro da Copa do Mundo.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

razão x emoção

O primeiro dia das quartas de final da Copa do Mundo de 2010 foi marcado pela emoção. Pelo controle, ou a total falta de controle.

Às 11h da manhã, horário de Brasília, Brasil e Holanda se enfrentaram em um confronto que teima em aparecer em fases decisivas de Copas. O personagem do jogo, para o bem ou para o mal, foi Felipe Melo: depois de um excelente passe para o gol do Brasil, marcado por Robinho, enroscou-se com Júlio César (o que acabou gerando o primeiro gol da Holanda, em bola cruzada na área por Sneijder), não conseguiu marcar o mesmo Sneijder em uma cobrança de escanteio que resultou no segundo gol holandês, e depois de um pisão em Robben, acabou expulso. O que acabou por desestabilizar toda a equipe brasileira, que se perdeu em campo e não soube como reagir.

A culpa cai, além dos ombros de Felipe Melo, nos de Dunga. Cobrado, criticado e "secado" por boa parte da torcida e da imprensa brasileira com seu futebol calcado no pragmatismo, na razão, agradou a todos os secadores, que puderam gritar: eu já sabia. Estes mesmos da turma do "eu já sabia", porém, seriam os mesmos que comemorariam feito loucos caso o Brasil passasse pela Holanda e conquistasse o hexa. Mas o futebol é injusto. E Dunga, como já havia anunciado em 2006 quando assumiu a Seleção, entrega o cargo com um resultado geral muito bom, para quem nunca havia sido treinador de nenhuma equipe: campeão da Copa América e da Copa das Confederações. Porém, ainda assim sai de cabeça baixa do comando da seleção brasileira, ouvindo críticas de todos os lados.

Agora, Uruguai e Gana. Amigo, além de um jogo eliminatório onde as duas seleções mereciam passar, Uruguai e Gana mostraram que a Copa do Mundo vai muito além do sentimento pela seleção de seu próprio país. Poucas pessoas que assistiram à partida devem ter ficado inertes à situação.

Depois de um primeiro tempo com chances para ambos os lados, Muntari, num chute da intermediárea, abre o placar aos 46', com a ajuda da Jabulaaani. A mesma Jabulaaani que, aos 10 do segundo, ajudou Forlán em uma cobrança de falta. O que se viu depois foram as duas equipes buscando o gol, com alguns apagões de ambas as equipes, e uma ligeira superioridade de Gana.

E veio a prorrogação. E agora, ataque? Defesa? Sai pro jogo pra matar? Administra o jogo e espera a cobrança de pênaltis? Ataques e defesas trabalharam, e as duas equipes estiveram muito perto de terminar, ali, a partida. Até que, aos 120' de partida, 15' do segundo tempo da prorrogação, depois de um bate-rebate na área uruguaia, a bola está em cima da linha. O atacante uruguaio Suárez mete a mão na bola. É expulso. Pênalti. Enfim, a justiça seria feita, e a equipe que foi um pouco superior estaria na semifinal.

Mas aí, entra a nossa querida ironia. Suárez, que saiu chorando de campo, conseguiu secar as lágrimas e ver a cobrança de Gyan explodir no travessão e subir. Pênaltis. O vilão de 1 minuto atrás agora era o herói da (ainda) não desclassificação uruguaia.

E nos pênaltis, tudo pode acontecer. De fato, aconteceu. Os ganeses erraram duas cobranças (com méritos também para o goleiro uruguaio Muslera), e para fechar com chave de ouro a classificação heróira do Uruguai, Sebastián El Loco Abreu cobra a última penalidade uruguaia com cavadinha, no centro do gol.

Foi a coroação de uma seleção que foi do inferno à redenção em pouco mais de 10 minutos. Provando que em um momento de descontrole, promovido por Suárez, é que está a graça e o sentido de tantas pessoas ao redor do mundo apreciarem o futebol: às vezes, a razão não interessa e a emoção fala mais alto. Um ato impulsivo de quem, naquela hora, não tinha mais nada a perder, salvou o Uruguai. Que agora enfrenta a Holanda pela semifinal, dia 6 de julho, às 15h30.

Pena que a Copa do Mundo já esteja em sua reta final, e que aconteça só de quatro em quatro anos.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

copa do mundo, p. III

Enfim, chegamos ao momento mais angustiante da Copa do Mundo: os dias sem jogos. Depois de 19 dias com três, ou até quatro jogos no mesmo dia, tivemos um descanso de dois dias até as quartas de final.

Primeiramente, vamos a uma marca interessante: a América do Sul tem um representante em cada confronto das quartas. Isto quer dizer que, se todos vencerem seus jogos, poderemos ter uma semifinal completamente sul-americana.


A representante da África é Gana, que desclassificou os norte-americanos mostrando o que tem de melhor em seu futebol: a força física e determinação. Isso ficou claro no gol marcado pelo atacante Gyan, quando dividiu com o zagueiro Bocanegra, e mesmo cambaleante conseguiu chutar pro gol e levar a seleção de Gana para a próxima fase. Pega agora o Uruguai, que vem forte na defesa e no ataque, mas com lacunas no meio campo. Promete ser um bom jogo.

A Alemanha diz ter o melhor elenco das últimas Copas, e confirma essa teoria passando pela poderosa Inglaterra, que não apresentou o futebol esperado nessa Copa assim como seu principal jogador, Wayne Rooney. Destaques para os alemães Schweinsteiger, Özil e Müller, como principais personagens da classificação. E apesar da Inglaterra ter tido um gol não dado, foi justa a vitória da Alemanha pelo belo futebol que vem apresentando.

Outra partida com problemas na arbitragem foi Argentina x México, onde o atacante argentino Carlitos Tevez marca um gol em impedimento. Aqui também, apesar da irregularidade do gol de Tevez, a Argentina foi superior, possui o melhor ataque da Copa e é uma das grandes favoritas ao título.
Agora é esperar pra ver quem se dá melhor no confronto entre Europa x America do Sul.

A Espanha apesar de não ter mostrado um bom futebol, vence Portugal e passa de fase. Pega agora Paraguai, que pela primeira vez chega as quartas de final. Acredito que a Espanha deve passar fácil pela seleção paraguaia, mas nunca se sabe, é bom ficar atento às surpresas do futebol.

E o Brasil minha gente? Pode estar recebendo grandes críticas por não estar apresentando o belíssimo futebol como é de costume, o futebol arte, o futebol "firulento". Mas jogou sempre buscando a vitória ou a classificação. E conseguiu. Dessa vez o Brasil apenas vence. Frio e calculista, eu diria. O técnico Dunga foi muito feliz ao montar se esquema contra o Chile. A seleção chilena simplesmente não jogou. Sanchez? O mago Valdívia? Não vi ninguém. Brasil dominou a partida sistematicamente, jogou pra frente quando pode, se defendeu quando foi exigido. Ótimo. Vitória e classificação. Grande destaque pra Gilberto Silva, que mesmo sendo um dos mais contestados da convocação de Dunga, mostrou bom futebol e ajudou bastante na construção das jogadas. Agora a tarefa se complica um pouquinho: Holanda pela frente. A laranja mecânica vem bem do meio pra frente. Com os bons jogadores Sneijder, Robben e Kuyt, fora os 'Van' né, como Van Persie e Van Bommel. Muito perigosa, é preciso ficar com a defesa esperta. E eles muito mais. A defesa holandesa não é lá essas coisas, e sabemos que temos jogadores que podem incomodar e até decidir individualmente, como Kaká, mesmo não jogando tudo o que pode nas últimas partidas, Robinho, Luis Fabiano e Nilmar.
Vamos ver como o Dunga vai lidar com essa nova batalha. Espero que a seleção continue com essa frieza e que seja guerreira pra cima dos holandeses. Quanto ao futebol arte? O negócio é jogar pra ganhar, e não jogar pra encantar. Que sirva de resposta para a recente crítica do ex-craque da Holanda, Cruyff, que falou que não compraria ingresso para assistir um jogo dessa seleção brasileira, pois ela não está sendo brilhante como deveria na Copa. Deixe estar Cruyff, deixe estar...

Texto colaborativo do VamoQueVamo.